O SONHO DA MATERNIDADE EM MULHERES COM LUPUS

O lúpus eritematoso sistêmico é uma doença relacionada à autoimunidade devido a um desequilíbrio do sistema imunológico do paciente. Como consequência ele passa a produzir anticorpos que agridem estruturas do próprio organismo.

Esses anticorpos resultantes do processo inflamatório passam a agredir qualquer estrutura de seus órgãos e sistemas, principalmente a pele. Também articulações, rins, cérebro, pulmões, coração e vasos entre outros.

Em sua evolução, esta doença pode se apresentar com várias manifestações desde acometimentos leve até casos severos.

Esta doença deve ser diagnosticada e tratada precocemente, pois, caso contrario poderá evoluir com comprometimento de vários órgãos e sistemas.

O Lúpus costuma se manifestar em indivíduos que tem predisposição genética, doenças infecciosas, algumas medicações (inclusive os contraceptivos hormonais), exposição à luz ultravioleta, períodos de estresse e alterações hormonais em especial nas mulheres, relacionadas ao hormônio feminino.

Uma das principais características desta doença é o acometimento da pele, em áreas em que ocorre exposição ao sol, sendo que em quase metade dos casos surge uma lesão avermelhada em forma de asa de borboleta no dorso do nariz e nas bochechas. Pode haver queda de cabelo, geralmente reversível. Outros sintomas bastante comuns são fadiga, perda de peso, febre e, às vezes, coceira no corpo que pode ser confundida com alergia.

As articulações são acometidas em 95% dos casos, podendo se manifestar clinicamente somente com dor ou acompanhadas de inchaço e rigidez especialmente nas mãos, punhos ou joelhos, podendo também acometer outras regra geral de ambos os lados.

Também, inflamação dos vasos sanguíneos (vasculite), que pode ser interpretada erroneamente como alergia. Entre outras manifestações anemia, redução do numero de glóbulos brancos e plaquetas e, ainda inflamação em tecidos do pulmão, coração, rins, cérebro entre outros.

O lúpus eritematoso sistêmico tem maior incidência em mulheres com idade entre 18 a 40 anos, portanto em plena fase fértil.

Na atualidade após uma avaliação criteriosa, na maioria das mulheres portadoras dessa afecção deixou de ser um fator impeditivo para a gravidez, fato este, que possibilitará a realização do sonho em ser mãe.

Avanços recentes no seu diagnóstico, testes laboratoriais e tratamento melhoraram muito a detecção precoce e o manejo adequado da doença que afeta cerca de 200 mil brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, devido ao auxilio dos testes imunológicos, ou seja, a identificação da presença dos anticorpos específicos, como o nucleossomo, anticorpo antifosfolípides e outros.

Para o sucesso do tratamento, a conscientização do doente é essencial. O médico deve explicar didaticamente todos os aspectos da doença, possível evolução, uso de medicamentos com seus possíveis efeitos colaterais que deverão ser ministrados após avaliação criteriosa conforme a gravidade e o tipo de manifestação clínica.

Certos medicamentos poderão ser utilizados durante a gestação sem prejuízo para o bebê, enquanto outros são contraindicados neste período, daí a importância do acompanhamento médico. Entretanto, vale lembrar que as mulheres lupicas não devem engravidar sem conversar previamente com o reumatologista, principalmente no caso de a doença estiver fora de controle clinico e laboratorial.

Uma importante evolução aconteceu em 2014, com advento do primeiro medicamento biológico para tratar alguns casos específicos de lúpus. O medicamento cujo principio ativo é o belimumabe pode ser usado com muita segurança em infusões venosas ou subcutâneas em casos especificamente indicados.

A terapêutica convencional bem indicada, dependendo de cada caso continuam apresentando bons resultados. Logo, um bom relacionamento com seu reumatologista e obstetra é fundamental para avaliar o melhor momento para buscar a gestação.

Outros cuidados são recomendados, entre eles, uso de protetor solar, dieta equilibrada e rica em cálcio, condicionamento físico, controle do estresse emocional, bem como controle de fatores de risco como obesidade, hipertensão arterial e tabagismo.

Resolveu engravidar sendo portadora de lúpus procure um reumatologista e obstetra para ser orientada a ter uma gravidez com sucesso.