FIBROMIALGIA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Fibromialgia juvenil é uma síndrome caracterizada por dor musculoesquelética e rigidez, podendo ter em sua evolução fadiga, distúrbios do sono, assim como, na palpação pontos dolorosos em crianças e adolescentes.
Esta síndrome dolorosa pode apresentar uma evolução crônica ao longo do tempo.
A intensidade da dor é variável, pois, a dor é uma percepção e modulação individual e desencadeada por vários fatores como atividade escolar, ansiedade, estresse e variações climáticas entre outros.
É preciso esclarecer que não se conhece exatamente a sua causa e os seus mecanismos, portanto, se admite que seja uma entidade ligada a fisiologia de seu portador e não um transtorno psiquiátrico.
Como consequência da fibromialgia, esses pacientes poderão apresentar prejuízo no seu desenvolvimento psicológico e social e, ainda em alguns casos, uma transição mais difícil da infância para a idade adulta.
A sua principal característica é uma dor musculoesquelética , rigidez muscular e ou articular generalizada, com múltiplos pontos dolorosos, associada e ainda , dependendo de cada caso, fadiga, sensibilidade da pele, distúrbios do sono em que o mesmo não é reparador, dores de cabeça tensionais, tontura, déficit de memória, formigamentos, intestino irritável, pernas inquietas, entre outros, muitas das vezes estes sintomas estão relacionados ao ambiente familiar e escolar, como por exemplo o sofrimento buylling.

A dor musculoesquelética crônica tem consequências impactando na sua qualidade de vida, enquanto que a fadiga influencia na sua resposta motora e na capacidade de exercer adequadamente as suas atividades diárias, que incluem escola e lazer.
A fibromialgia juvenil tem sido mais reconhecida e diagnosticada nesses últimos anos

No Brasil não existem estudos estatísticos sobre a sua prevalência. Nos Estados Unidos o seu diagnostico é realizado em 6% de crianças e adolescentes, utilizando os critérios diagnósticos do Colégio Americano de Reumatologia (ACR).
Ainda, segundo os estudos, quando esses pacientes são encaminhados para um reumatologista pediátrico o diagnóstico desta síndrome é realizado em cerca de 7,7% dos novos casos. Em relação às síndromes com dor musculoesqueléticas, que incluem a fibromialgia juvenil estas são responsáveis por aproximadamente 25% dos novos encaminhamentos ao reumatologista pediátrico e, 25 a 40% dos mesmos são diagnosticados com fibromialgia.
Como esta síndrome é pouco reconhecida e diagnosticada, os seus portadores regra geral recebem um diagnóstico equivocado e submetido a exames laboratoriais e de imagem desnecessários, bem como, tratamentos muitas vezes prejudiciais.

Estudo publicado por uma clinica nos EUA que avaliou 15 crianças, (10 meninas e 5 meninos), com idade média de 13 anos revelou que muitos casos de fibromialgia juvenil não foram o diagnosticado corretamente e, sim confundidos com outras doenças.
Outros estudos mostraram que até que o diagnostico correto fosse realizado, 67% dos pacientes consultaram 3 ou mais médicos, sendo que 60% dos mesmos antes da avaliação por um reumatologista e foram diagnosticados com artrite crônica juvenil e outros diagnósticos equivocados que incluíram problemas psicológicos, histeria e dores de crescimento entre outros.

Esta síndrome se manifesta com maior frequência em crianças em idade escolar, com percentuais variáveis em vários países. Como, exemplo, em Israel 6,2% dos escolares, e no México em 1,3%. Nos adolescentes, existem diferenças relacionadas à idade e sexo. A maior frequência foi observada na faixa etária entre 13 a 15 anos, com idade media de início de 12 anos. Como curiosidade o primeiro caso relatado na literatura da área foi uma criança de 5 anos.
Quanto ao sexo, tem maior frequência no feminino, na ordem de 3-7 vezes mais em meninas do que em meninos segundo a literatura médica, em sua maioria pré-púberes ou adolescentes.

Existem vários estudos publicados. Destacaremos os principais sinais e sintomas relatados no inicio da síndrome o que representam a média dos casos.
Estudo de Siegel e colegas em amostra de 45 crianças relataram:
Distúrbio do sono (96%), dor difusa (93%), dores de cabeça (71%), fadiga diuturna (62%), rigidez matinal (53%), fadiga matinal (49%), depressão (43%) e, piora a realização de exercício (42%), uma sensação de inchaço (40%), intestino irritável (38%), dismenorreia (36%), mudança do padrão da doença com o tempo (36%), formigamentos (24%), ansiedade (22%), falta de energia (18%), fenômeno de Raynaud (13%).

Estudo de Gedalia e colegas em amostra de 59 crianças encontraram os seguintes sintomas:
Dores generalizadas (97%), dores de cabeça (76%), distúrbios do sono (70%), rigidez (30%), edema articular (24%), fadiga (20%), dor abdominal (17%), hipermobilidade articular (14%), e depressão (7%).

Para que o tratamento tenha sucesso e melhores resultados o paciente deve submetido a uma equipe multiprofissional que inclui médico reumatologista pediátrico, e ou reumatologista de adulto com formação em pediatria, psicólogo e fisioterapeuta.
Esses profissionais são responsáveis pela condução do caso. É essencial educar e conscientizar a família e quando possível a criança sobre cada aspecto da síndrome, e se certificar que foi compreendido.
O apoio da família é fundamental, pois, como descrito ela faz parte integral do tratamento.
Esta equipe integrada permitirá uma melhora e redução dos sinais e sintomas de seus portadores, e como consequência uma melhora do seu desempenho nas atividades diárias e qualidade de vida.
Caso contrario o tratamento será prejudicado e poderá trazer consequências imprevisíveis. A fibromialgia pode afetar muito a qualidade de vida, mas é possível contorna-la com a ajuda profissional de um médico e uma rotina saudável!